Sexta-feira

Se a segunda-feira foi um dos males que escaparam da caixa de Pandora, com certeza a sexta não foi!

Sexta-feira é o dia da recompensa por todo o trabalho da semana, por ter ficado trancafiado horas e horas num escritório (no meu caso sala de aula) abafado, sentindo na pele os efeitos do aquecimento global (lembra que a gente passou os últimos 50 anos dizendo que isso só ocorreria daqui a meio século?), tendo que aguentar o chefe estressado, o colega idiota e aquele maldito primo que te liga no meio do expediente só pra dizer:

"E aeeeeeeeeeeeeeeeeee primão... (longa pausa na qual ele faz questão que você ouça todo o barulho da micareta).... cara, aqui tá muuuuito show! Já catei umas 15 só depois do almoço! Pena que você tem que ficar aí trabalhando...(sic.)"

E depois disso, nada mais torturante do que voltar ao velho cubículo apertado, com aquele PC com o maldito Windows Milleniun que você tem certeza que foi comprado num ferro velho pelo seu chefe que aproveitou para embolsar a diferença. Nessas horas é que se prova o seu real potencial. É nessas horas em que o homem comum tem que escolher entre sair por aí gritando com uma Uzi em cada mão, ou esperar docilmente pela sexta-feira. Que pena que as Uzis sejam tão caras....

E é normalmente nessa hora que o playboy do filho do seu chefe para o Range Rover na frente do prédio tocando aquele funk irritante e você pensa "Ai meu Deus... por favor... só um meteorito e eu nunca mais entro no Pornotube..."

Mas sempre há a esperança. Todo mundo que já trabalhou na vida tem aquela hora pela qual a maior parte do mundo ocidental (exceto os Argh-entinos) aguarda: sexta-feira, 18;00 hrs. É a hora da vingança, de dar o troco em todo o maldito resto da semana, de olhar fundo nos olhos daquele gordo maldito do seu chefe e dizer com todo o orgulho, felicidade e até mesmo com um tom de desafio:

"A gente se vê na segunda."