sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Um projeto antigo

Esse é um texto que eu comecei a publicar em um fórum há um tempo atrás, mas nunca terminei a história, primeiro por falta de tempo, depois por ter coisas mais interessantes para fazer. Mesmo assim, resolvi postá-lo por aqui e ver o que vocês acham.

Acho que muita gente vai ver O Guia do Mochileiro das Galáxias em várias partes do texto, então nada mais justo do que dizer que eu me inspirei bastante nele para escrevê-lo.

Talvez ainda voltemos com a nossa programação normal.
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Dia do juízo


Introdução

Desde a aurora da humanidade as pessoas se apegam aquilo que acreditam para explicar sua existência mundana. Alguns creditam isso a um Deus, outros à uma explosão de proporções indefinidamente grandes e resultados muito inusitados, podendo citar como resultados dessa explosão a criação desse texto e a dos argentinos. É claro que nenhuma explosão cósmica poderia ser tão poderosa a ponto de criar a vida, nem poderia haver um deus tão cruel a ponto de criar argentinos, então a maioria das pessoas decidiu optar por um meio termo. O universo foi criado por um ser onipotente, que talvez tenha se utilizado de uma explosão.

Outro ponto interessante sobre a humanidade e sua profunda curiosidade em saber o porquê de estar aqui, é a constante (e bastante razoável) certeza de que se de alguma forma estamos aqui, um dia não mais estaremos. Alguns dizem que um dia marcharão sobre a Terra exércitos de anjos e bestas, outros que o homem se exterminará com radiação, bombas nucleares e funk carioca, outros ainda acreditam na chegada do grande lenço branco, mas esses estão confortavelmente trancados em suas celas acolchoadas com camisas de força.

Essa não é a história de como as coisas começaram, também não é a de como elas acabaram, mas pode ser de como elas começaram a mudar.


Parte 1- O fim está próximo.

Enquanto caminhava sob o sol das dez da manhã em São Paulo, o Dr. Miguel dos Anjos, advogado aposentado, se lembrava as razões para ter trocado a agitação da cidade pela morosidade da vida no campo. A primeira delas era a violência, a segunda era o fato de que sempre que há muitas pessoas juntas, algumas delas acabam surtando e começam a atirar nas outras pessoas através das janelas de seus escritório; outras pegavam megafones e saiam de casa citando versos apocalípticos e parando pedestres a torto e a direito com gritos de "ARREPENDEI-VOS IRMÃOS PECADORES, POIS EIS QUE HÁ DE VIR O REINO DO SENHOR!!!!!!". O segundo tipo de pessoas era o que ele considerava o mais nocivo, uma vez que acreditava estar fazendo o bem.

Pois nem bem ele chegara à metrópole e já se encontrara com os dois tipos: via pessoas saqueando lojas de um lado, ouvia pessoas pregando frases apocalípticas do outro, e a razão para tudo isso? Mais uma das rídiculas aparições de OVNIs! No ano anterior disseram ter visto o Superman, esse ano: grandes borrões em filmes caseiros em que tudo o que se via era algo riscando a tela. Uma nave, talvez, mas com certeza de origem terrestre.

Viera para a cidade por causa do aniversário da filha, mas agora se encontrava em meio ao caos cotidiano da cidade. Mas aquela não era apenas mais uma onda de caos comum ao cotidiano do paulistano. Sentia-se no ar que algo estava por vir, e dessa vez não era o calor de um ônibus pegando fogo. A maior parte das lojas estava fechada, o que era esperado, o que era incomum era a enorme quantidade de gente que estava nas ruas. Os benditos "pastores de praça" haviam encontrado um grande público para suas pregações apocalípticas, graças aos benditos discos voadores, e gritavam a plenos pulmões sobre a chegada do dia do juízo, enquanto a alguns metros deles o crime corria solto.

Não gostava do que ouvia, mas mesmo assim não podia parar de ouvir. Sinais nos céus, guerras, fome, morte e caos eram as únicas coisas que sustentavam o papo daqueles caras. E isso só porque ultimamente um número cada vez maior de idiotas afirmava ter visto coisas no céu. Era assim que Miguel pensava, até o dia em que uma dessas coisas parou bem em cima dele

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